que o branco da minha cabeça preencha o preto deste espaço
quinta-feira, fevereiro 24, 2005
Casa mia
"A habitação é o espaço privilegiado da transformação doeu real externonoeu real interno. Da conjunção, que passa por várias disfunções desses dois Eu, pode brotar a nossa totalidade, ou seja, pode surgir uma dimensão completa da nossa interioridade e uma fruição sem máscara do nosso ser. "
Será que a cara que temos em velhos é a cara que tivemos mais vezes na vida? Se assim fôr a minha vai ser como esta. Não sofre digno como sofreria para o Salgado, mas ri. Saímos os dois a ganhar.
“...the result is a collection of compelling songs full of momentous rhythms, memorable melodies, mesmerising sounds and moving lyrics. But be warned. “paraiso di gumbe” may not only lead to all kind of notorious vices. It is also almost certainly addictive.”
A prova disso é que à três dias que o oiço sem parar.
Ainda falta um mês mas as consultas na net já são diárias. Esta foi uma das melhores semanas de neve que já apanhei, e uma das melhores descidas. O Xavi gritava "benga", "benga" e eu fui...
Entrei noutro mundo. Foi o que senti ao visitar o Complexo Pedagógico da Uni. De Aveiro do Arq. Vitor Figueiredo. Admito que não visitei, até hoje, muita arquitectura, seja em Portugal seja fora, mas este edifício trouxe-me uma emoção que nunca tinha sentido na arquitectura. Uma emoção que, pensava eu, estar reservada à música e à pintura.
O domínio da luz é incrível. Realça o rigor do desenho e o pormenor da construção. Assente num ritmo binário são-nos reveladas colunas, claraboias e vãos que compõem um espaço limpo e branco que valoriza os poucos elementos que contém . A pureza do espaço relaxa ao mesmo tempo que nos desperta os sentidos.
Desta visita, ficou o exemplo do que deve ser a arquitectura dos espaços públicos. Já habitação é outra história..
Esta história já foi contada, não por mim, mas pelo Lourenço. Eu era também um dos que foi lá bater à porta e da minha visita, partilho apenas duas imagens e uma série de sentimentos, que por serem meus não devem ser levados a sério.
Marcou-me essencialmente a simplicidade com que volumétricamente a casa se destaca. Como um só elemento criativo (o escritório) tem a capacidade de enriquecer todo o conjunto.
A casa, por vontade do dono, vira costas ao mar. Grandes planos horizontais, cegos, marcam essa orientação. Mas há depois ali, um grito de revolta. O volume do escritório, marcadamente vertical, e com uma alegria e dinâmica que não se encontra no resto da casa, projecta-se para o mar, como que a dizer que é ele que interessa e não as pastagens açorianas. A energia do mar e o seu chamamento são tão fortes que a casa se deforma para o poder olhar.
Tudo fica claro quando o dono me diz que o arquitecto Pedro Maurício Borges é surfista.